segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Trabalhadores da saúde cruzam os braços por tempo indeterminado em Minas Gerais

Foto: Raquel Penaforte

Trabalhadores da Fundação  Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) estão em greve, por tempo indeterminado. A paralisação começou nesta segunda-feira (13). A previsão é que a escala mínima de atendimento seja cumprida pelo movimento grevista. 

Os profissionais da saúde estão reunidos em protesto na porta do hospital João XXIII, no Centro de Belo Horizonte, oficializando o ato da categoria, que reivindica melhores condições profissionais e a revogação de duas resoluções aprovadas pelo Governo do Estado.

"Como não houve nenhuma resposta positiva por parte do Governo,vamos entrar em greve a partir de hoje, respeitando a escala mínima de profissionais onde há paciente internados e nos atendimentos de urgência", informa o presidente do Sindicato dos profissionais de enfermagem, auxiliares de apoio da saúde, técnicos operacionais da saúde e analistas de gestão e assistência à saúde (Sindpros), Carlos  Martins.

"A primeira resolução é com relação a escala de trabalho. Atualmente, somos plantonistas de 30 horas, ou seja, trabalhamos um dia e folgamos dois. Isso  dá em média 10 plantões quando mês tem 30 dias, ou 11, quando o mês tem 31 dias. A partir dessa resolução, o Governo determina que façamos 11 plantões todos os meses, ultrapassado a carga horária", explica.

Para os profissionais, a medida que começará a valer em 1 de abril deste ano, vai impactar na saúde dos trabalhadores. "Trabalhar um plantão a mais sobrecarrega demais. Muitos colegas, principalmente os mais novos têm dois ou três empregos, então, a carga já é maior, e aí, as doenças começam a aparecer. Eu, por exemplo, tenho hérnia de disco, cisto na coluna, por conta da carga horária" relata a técnica em enfermagem Lindoneza Valéria, que atua no João XXIII há 30 anos.

Outra reivindicação dos profissionais da saúde é em relação à resolução Seplag número 068, que já está em vigor desde 13 de setembro de 2022. A medida retira de alguns trabalhadores, pais e mães de pessoas com deficiência, o direto de ter uma redução na carga horária de trabalho (sem ônus na folha de pagamento) para acompanhar os dependentes em tratamentos médicos.

"Vai impactar demais, porque eu preciso fazer todo um preparativo, tem a questão da minha saída do trabalho até chegar em casa", diz a técnica em enfermagem Graziele Paula Gabriel Ramos Silva. Ela conta que, com a mudança, terá que buscar ajuda para levar o filho, de 8 anos e autista, para a escola e para fazer acompanhamento médico. Apoio esse que, no momento, ela não tem.  

Em nota, a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) disse que "mantém abertos e constantes os canais de diálogo com seus servidores, por meio de agendas fixas de reuniões com os seus representantes, para que sejam apresentadas as reinvindicações e soluções propostas por ambos". A federação disse ainda que: "Todas resoluções trabalhistas e administrativas são embasadas pelas legislações estaduais e federais para que haja transparência, isonomia e legalidade nas decisões. Há a garantia de direitos e deveres dos servidores em todas as mudanças administrativas.

A escala mínima deve ser respeitada durante paralisações, principalmente nos serviços críticos, como terapia intensiva e urgência, não prejudicando a assistência aos usuários."

(O Tempo) 

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