10/03/2021

Atlético-MG vira réu em 21 ações do agente André Cury; cobranças de dívida somam R$ 35 milhões

Foto: Bruno Cantini/Atlético

O novo departamento jurídico do Atlético-MG ainda se ambienta ao dia a dia de resoluções do clube. Mudanças de comando foram realizadas, e a fase de adaptação está vigente. Enquanto isso, ações não param de chegar ao clube. No início deste mês, o Galo virou réu de 19 cobranças judiciais do empresário André Cury (por meio da empresa Link Assessoria), um dos mais influentes do futebol mundial. Na soma, o agente faz cobranças de R$ 35 milhões a título de comissão de intermediação.

Eles estão distribuídos em três "foros" diferentes. No Tribunal de Justiça de Minas Gerais, são sete ações de "cobrança" e "execução". Há ainda outras duas ações cíveis do agente contra o Galo no Tribunal de Justiça de São Paulo. Outras 10 foram impetradas na Câmara Nacional de Resoluções de Disputas (CNRD).

A informação do crédito milionário foi trazida pelo UOL Esporte, na semana passada, e confirmada pelo ge. A reportagem entrou em contato com o Atlético, que preferiu se manifestar em outra oportunidade sobre demandas da área jurídica.

A advogada Adriana Cury (da ACMS Advogados Associados) ainda prepara mais duas ações, envolvendo contratos de Marcos Rocha e do técnico Rafael Dudamel. Assim, serão 21 processos do agente contra o Galo.

A relação entre André Cury e Atlético-MG é de longa data. O empresário se estabeleceu no futebol e fez operações profícuas para o clube. Jogadores como Luan, Lucas Pratto, Emerson e Douglas Santos deram retorno em campo e em vendas futuras. Outros atletas não deixaram saudade. De qualquer forma, contratos foram assinados e, após tentativa de acordo, o caminho foi a Justiça.

Na CNRD, as ações correm em segredo de justiça. André Cury tinha direito a receber comissão por intermediar não só a compra e venda de jogadores, mas também em renovação contratual. O caso mais antigo é de Luan, comprado junto ao Atlético Sorocaba em dezembro de 2012.

As cobranças

As 10 ações na CNRD correspondem às transações/operações dos seguintes jogadores: David Terans (Rentistas, do Uruguai), Denilson (Granada, da Espanha), Dylan Borrero (Santa Fe, da Colômbia), Guilherme Arana (Sevilla, da Espanha), José Welison (Vitória), Leandrinho (Napoli, da Itália), Luan (renovação), Otero (duas vezes) e Vina.


As seis ações no TJMG: Frickson Erazo (comissão), Luan (R$ 240 mil de comissão na compra junto ao Atlético Sorocaba), Mansur (Vitória), Rosinei (livre, vindo do América do México), Lucas Pratto (venda ao São Paulo) e Otero.

As duas ações no TJSP: Frickson Erazo (contratação junto ao Estoril Praia) e Franco Di Santo (R$ 436 mil de um total de R$ 1,2 milhão de cessão de crédito do jogador ao agente).

O caso de Erazo merece uma atenção especial. O zagueiro foi comprado pelo Atlético em 2016, por 1,1 milhão de euros. Em 2017, o Estoril Praia, que havia cedido os direitos econômicos do equatoriano, transferiu o crédito a receber do Galo para André Cury. Não houve pagamento. No TJSP, a ação de André Cury é uma cobrança de R$ 7,3 milhões. Há também outros R$ 417 mil no TJMG de comissão envolvendo a ida do zagueiro ao clube.


Tentativa de acordo

Nas petições iniciais de André Cury, é informado que o empresário do futebol tentou acordos amigáveis com o Atlético. O ge apurou que o agente aceitava até mesmo receber os valores que busca na Justiça em pagamentos parcelados de até 50 vezes, mas não houve retorno positivo.

Há, em setembro de 2020, uma carta assinada pelo então presidente do Atlético, Sérgio Sette Câmara, endereçada à empresa de André Cury (Link Assessoria e Propaganda), reconhecendo parte da dívida, a título de "interrupção da prescrição".

Cerca de dois meses depois, novamente uma carta enviada pelo Atlético ao agente, desta vez, para confirmar que, no entendimento do clube, a cotação do euro/dólar envolvendo as transações de Erazo e Lucas Pratto, devem ser feitas na data dos respectivos pagamentos, e não na data de vencimento das comissões.

Ao ge, a advogada de André Cury se manifestou ressaltando a tentativa de compor o débito milionário e indicando que seu cliente segue aberto para negociar uma situação amigável do problema. "Foram contratações relevantes para o Clube Atlético Mineiro, portanto, os serviços foram efetivamente prestados pelo empresário, justo que o empresário receba pelo seu trabalho", argumentou.

- Devido ao respeito profissional que o empresário André Cury estabeleceu com Atlético no decorrer de anos de trabalho, no início de 2020 ele orientou estabelecer contato com a entidade desportiva na tentativa de propor acordo de longo prazo para resolver as pendências existentes. Entrei em contato pessoalmente, por diversas vezes, com o departamento jurídico, mas não houve qualquer retorno efetivo por parte do clube. Além disso, o empresário cobrou posicionamento dos dirigentes, sem receber qualquer sinal concreto que de fato tinham intenção de resolvê-las - escreveu a advogada, por email.

Globo Esporte

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