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Entre os principais alvos da investigação está o fundador da rede varejista Ricardo Eletro, Ricardo Nunes, detido em São Paulo. A filha mais velha do empresário, Laura Nunes, e um irmão também são alvo da Operação Direto com o Dono. Um segurança que tentou impedir a ação policial também foi detido pelo crime de desobediência.
Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), os investigados são suspeitos de sonegar, ao longo de mais de cinco anos, cerca de R$ 400 milhões em impostos estaduais, como o ICMS. De acordo com promotores que participam da operação conjunta, além dos valores sonegados aos cofres públicos mineiros, a Ricardo Eletro tem “dívidas vultosas em praticamente todos os estados onde possui filiais [lojas]”.
De acordo com o Ministério Público, "o inquérito corre sob sigilo, mas as provas já colhidas denotam a participação efetiva deste alvo na administração da empresa. Há inúmeros indícios de que esta administração fática ainda é realizada pelo alvo principal da operação".
Expedidos pela Vara de Inquéritos de Contagem, os mandados de prisão e de busca e apreensão estão sendo cumpridos em Belo Horizonte, Contagem, Nova Lima, em Minas Gerais, e nas cidades de São Paulo e Santo André (SP).
A fim de garantir o ressarcimento dos prejuízos aos cofres mineiros, a Justiça também determinou o sequestro ao equivalente a R$ 60 milhões em bens imóveis atribuídos a Ricardo Nunes – ainda que muitos deles, segundo os promotores responsáveis pelo caso, estejam registrados em nome de parentes do empresário. De acordo com o Ministério Público, a medida é necessária pois a Ricardo Eletro encontra-se em situação de recuperação extrajudicial, “sem condições de arcar com suas dívidas, já tendo fechado diversas unidades e demitido dezenas de trabalhadores”.
No total, a Operação Direto com o Dono mobiliza três promotores de Justiça, 60 auditores-fiscais da Receita estadual, quatro delegados e 55 investigadores da Polícia Civil.
Ricardo Eletro
Em nota, a Ricardo Eletro informou que Ricardo Nunes e familiares não fazem parte do seu quadro de acionistas e nem mesmo da administração da companhia desde 2019.
“A Ricardo Eletro pertence a um fundo de investimento em participação, que vem trabalhando para superar as crises financeiras que assolam a companhia desde 2017, sendo inclusive objeto de recuperação extrajudicial devidamente homologada perante a Justiça, em 2019”, diz a nota.
A Ricardo Eletro esclareceu que “a operação realizada hoje (8) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), pela Receita Estadual e pela Polícia Civil, faz parte de processos anteriores a gestão atual da companhia e dizem respeito a supostos atos praticados por Ricardo Nunes e familiares, não tendo ligação com a companhia”.
Em relação à dívida com o estado de Minas Gerais, a Ricardo Eletro disse que “reconhece parcialmente as dívidas e, antes da pandemia, estava em discussão avançada com o estado para pagamento dos tributos passados, em consonância com as leis estaduais”.
A nota diz ainda que a Ricardo Eletro se coloca à disposição para colaborar integralmente com as investigações.
A reportagem não conseguiu entrar em contato com os advogados de Ricardo Nunes.
Agência Brasil
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