Foto: Vinnicius Silva / Cruzeiro / Divulgação |
Wagner Pires de Sá, presidente do Cruzeiro, prestou depoimento nesta terça-feira, na sede da Polícia Federal (PF), no bairro Gutierrez, Região Oeste de Belo Horizonte. Ele foi convocado, como testemunha, para dar esclarecimentos sobre a Operação Escobar, que investiga vazamentos de documentos sigilosos da PF.
Após quase duas horas no local, o presidente do clube celeste deixou a sede da PF. Questionado se o clube tem contratos com os advogados Carlos Alberto Arges Júnior e Ildeu da Cunha Pereira, conselheiro do Cruzeiro, presos no dia 5 de junho, Wagner limitou-se a dizer: “O Cruzeiro tem contrato com mais de mil advogados”.
A Operação Escobar é desdobramento da Operação Capitu, investigação sobre suposto esquema de corrupção no Ministério da Agricultura no governo Dilma. Em novembro de 2018, a Capitu apreendeu documentos na residência de Andrea Neves, irmã do deputado Aécio Neves (PSDB/MG), como suposta beneficiária de informações privilegiadas cedidas por agentes da corporação a advogados, em Belo Horizonte.
No dia 5 de junho, a PF prendeu quatro investigados - três mandados de prisão preventiva e um de prisão temporária. Os agentes cumpriram sete mandados judiciais de busca e apreensão nos escritórios dos advogados Ildeu da Cunha Pereira e Carlos Alberto Arges Júnior.
A PF apreendeu o celular de Sanzio Baioneta Nogueira, defensor de Andrea Neves. Os agentes também cumpriram mandados de intimação para que "possíveis envolvidos prestem esclarecimentos".
De acordo com a PF, a investigação teve início após a apreensão, "na casa de investigados", de documentos sigilosos e internos da Polícia Federal, quando do cumprimento de mandados da Operação Capitu, em novembro de 2018.
"Feitos os levantamentos e inúmeras diligências, foi possível constatar que advogados teriam cooptado servidores desta instituição, no intuito de obter, de forma ilegal, acesso a informações sigilosas ligadas a investigações em andamento nesta Superintendência", informou a Polícia Federal.
Segundo a investigação, os advogados com "acesso privilegiado às informações usavam tal artifício para oferecer a seus clientes facilidades ilegais".
Na avaliação dos federais, "tal atitude não só prejudica investigações como coloca em risco a segurança dos policiais envolvidos nos trabalhos".
Sobre a prisão de dois agentes seus, a Polícia Federal destacou. "A repressão contra atos de servidores do órgão policial é extremamente sensível e, embora cause desconforto aos investigadores e a toda a instituição, é essencial para a manutenção da lisura e do compromisso que a Polícia Federal tem de servir à sociedade brasileira".
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