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Confira a matéria abaixo com todos os detalhes:
Quase em casa, boliviano Marcelo Moreno sonha bater recorde no Mineirão durante a Copa América
Perto de se tornar maior artilheiro da Bolívia, atacante retorna ao Brasil ansioso para estreia contra a Seleção. E espera carinho, almejando retorno: "Quando o Cruzeiro quiser, só me ligar"
Por Jorge Natan — Rio de Janeiro
04/06/2019 16h08
Poucos jogadores que disputarão a Copa América nos próximos dias podem se dizer tão à vontade no Brasil como um boliviano. O atacante Marcelo Moreno tem sangue brasileiro correndo nas veias, literalmente, uma vez que nasceu da união de um pai brasuca e uma mãe nascida na Bolívia. Com as raízes divididas, chegou a defender a seleção brasileira nas categorias de base e fez história ao vestir camisas de grandes clubes do país. Hoje, é casado com uma brasileira. Por isso, o sentimento ao desembarcar por aqui é quase de nostalgia.
Jogar o torneio quase em casa representará para Moreno a chance de voltar a sentir a atmosfera que o consagrou como artilheiro e o levou até a seleção boliviana - que ele defende há 12 anos. E é na união destes dois universos que reside o grande sonho do atacante de 31 anos para esta Copa América. Perto de se tornar o maior artilheiro da história da Bolívia, ele quer bater o recorde em pleno Mineirão, onde terá a chance de jogar na terceira rodada.
Para chegar à meta pessoal, ele precisaria marcar três vezes nos gramados brasileiros, alcançando Joaquín Botero, maior artilheiro da seleção boliviana, com 20 gols. Mas Moreno frisa que o grande objetivo é fazer da Bolívia uma seleção mais experiente e que seja capaz de quebrar uma barreira histórica: a dificuldade de vencer fora de casa.
A primeira oportunidade para isto, entretanto, será complicada, uma vez que a Bolívia estreia diante da seleção brasileira, na abertura da Copa América, no dia 14 de junho, no Morumbi. O atacante diz que o jogo é ainda mais especial por já ter jogado com as cores do Brasil na época em que jogava no Vitória - antes de optar por defender a Bolívia para sempre.
- Olha, eu acredito que com a turbulência que está tendo a seleção brasileira, nós como grupo temos que aproveitar. E é só jogando futebol, só unidos, juntos, que vamos conseguir fazer um grande jogo contra o Brasil - analisa.
Lembrando de sua "história linda" no Mineirão, onde atuou com a camisa do Cruzeiro em duas passagens, Moreno espera o carinho dos torcedores do clube. E deixa claro que pretende vestir a camisa celeste mais uma vez.
- Estou esperando a ligação (risos). Quando o Cruzeiro quiser, só me ligar (risos). Eu tenho sonhos ainda, sou novo, e dentro desses sonhos está voltar ao Brasil. Não tenha dúvidas, eu já fui procurado por times do Brasil, e não foi o momento de voltar. E na hora certa vou voltar, e vou voltar em alto nível e fazendo muitos gols, não interessa o time que eu esteja - projeta Marcelo.
Confira a entrevista na íntegra:
Globo Esporte: Como encaram o rótulo de seleção mais fraca do continente?
Marcelo Moreno: - É muito difícil você ser considerada a seleção que não consegue vencer fora de casa e que em casa é boa. Mas isso mostra que nós sabemos jogar futebol, que é boa. Independentemente de não estar passando por um momento bom economicamente, isso o país inteiro, e isso afeta o futebol... Mesmo não tendo as condições que têm Brasil, Argentina, Colômbia, Uruguai, Chille, a gente briga contra eles, joga e muitas vezes complica os jogos, porque a gente joga com amor à camisa, com carinho. Com a alma, muitas vezes. Porque sabemos que existe esse tipo de cobrança à minha seleção, e a gente tenta fazer nosso trabalho, melhorar. Obviamente, precisamos de muita estrutura para atingir o nível de outras seleções. Mas com o que temos, a gente tenta fazer o melhor. E com certeza com essa nova geração, vamos tentar surpreender e melhorar nossos jogos fora de casa, porque isso com certeza vai nos levar a um Mundial futuramente.
Qual o objetivo na Copa América? Passar de fase?
- Tudo é possível. No futebol, a gente vê de tudo. Então, a gente acredita que podemos passar de fase e podemos chegar longe. É lógico que temos novos jogadores, e essa intenção que tem o novo treinador, junto com a federação, de colocar uma safra nova de jogadores, dar sequência e minutos para esses jogadores na Copa América. Para que eles possam chegar com essa experiência de seleção boliviana nas eliminatórias, que são nosso principal objetivo. Vamos tentar encaixar o melhor possível a nossa seleção para poder melhorar dia a dia.
Gostaram quando o sorteio colocou vocês o grupo do Brasil?
- Sinceramente, eu gostei muito. Para mim, é muito especial. Eu casei com uma brasileira, joguei na seleção brasileira, meu pai é brasileiro. Tem muitas coincidências. É um sonho poder jogar a Copa América no Brasil. É uma oportunidade muito grande também para muitos jogadores novos, fazer um grande jogo e se mostrar a nível mundial, se estiver em um grande dia. Mas nosso grupo não é fácil, tem Peru, Venezuela, que já estamos acostumados a jogar contra. E vamos ter que armar nossa tática para jogar contra o Brasil, que é uma seleção que não é fácil de vencer.
Acham que pode haver a chance de uma vitória?
- Olha, eu acredito que com a turbulência que está tendo a seleção brasileira, nós como grupo temos que aproveitar. E é só jogando futebol, só unidos, juntos, que vamos conseguir fazer um grande jogo contra o Brasil. Não existe um jogador sozinho tentar fazer as coisas contra uma das melhores seleções do mundo. É com amor à camisa mesmo, com confiança entre todos que vai conseguir fazer um jogo bom. Não adianta, a seleção brasileira, mesmo passando por situações difíceis, é a seleção brasileira. É difícil de vencer, mas não é impossível. São coisas que a gente vai conversar na concentração.
Acha que a torcida será uma força a mais para o Brasil ou uma pressão negativa?
- Tomara que seja uma pressão negativa, porque a gente quer aproveitar este momento. A Bolívia precisa aproveitar esse momento. Ainda mais fazendo um bom jogo contra o Brasil, vai dar moral para continuarmos vivos na competição. É o nosso jogo, e quem tiver lá vai ter que saber que tem que deixar tudo dentro de campo para poder fazer um jogo especial, um jogo único, de três pontos. E é isso que eu e a seleção vamos querer, com certeza.
Como enxerga a Bolívia hoje?
- Eu não colocaria como fraca. Acho que é uma oportunidade de poder jogar um futebol diferente, um futebol bom, novos talentos que estão na seleção, jogadores que vão atuar só a segunda vez na seleção, contra o Brasil. Não é fácil para um jogador que está começando. É isso que nós jogadores experientes queremos, que eles possam ter experiências assim, jogos internacionais desse nível, para que eles possam vestir essa camisa com amor, acima de tudo. Uma vitrine para todos, e os jogadores vão saber disso. Se puder melhorar a seleção jogando desse jeito, melhor para nós.
Como se sente podendo jogar com a sua seleção no país onde construiu uma carreira?
- Como falei, é um sonho. É realmente muito bom, estou muito feliz de saber que a Copa América será no Brasil e que a seleção jogará contra o Brasil. De já ter toda essa intimidade com o futebol brasileiro, saber que vou jogar no próprio Mineirão, onde tenho uma história linda. Tenho certeza que a torcida do Cruzeiro vai estar apoiando a Bolívia, vai estar me apoiando. Vai tentar dar o melhor dentro do Mineirão. E é maravilhoso jogar contra o Brasil, me lembrar de muitas coisas que eu passei. Já joguei, já fui artilheiro na seleção brasileira. E isso me traz ótimas lembranças.
E ainda podendo voltar ao Mineirão, né?
- A maior torcida de Minas torce por mim, torce pela Bolívia, a torcida do Cruzeiro (risos). Tenho certeza que vai ter uma boa torcida. Vai ser muito bom ver os torcedores do Cruzeiro apoiando Marcelo Moreno, apoiando a Bolívia. Vai ser muito bom voltar ao Mineirão, vou me lembrar de momentos inesquecíveis, pode ter certeza disso.
Sonha se tornar o maior artilheiro da Bolívia justamente no Mineirão?
- Seria um sonho realizado, seria tudo para mim. Seria uma Copa América perfeita para mim. Esse não é meu principal objetivo. Eu sempre penso no coletivo na seleção boliviana, porque realmente é muito difícil fazer gol na seleção boliviana, e eu sempre tenho ajudado com o que eu posso, com muitas assistências, com gols. Esse é meu objetivo: que a seleção melhore, que a gente possa melhorar coletivamente e que a gente deixe de ser uma seleção que não consiga ganhar fora de casa. Acho que isso é o principal, a gente tem que encorajar muito os jogadores para que a gente possa melhorar. Esse é o meu objetivo na seleção boliviana.
Pensa em voltar ao Brasil um dia?
- Estou esperando a ligação (risos). Quando o Cruzeiro quiser, só me ligar (risos). Eu tenho sonhos ainda, sou novo, e dentro desses sonhos está voltar ao Brasil. Não tenha dúvidas, eu já fui procurado por times do Brasil, e não foi o momento de voltar. E na hora certa vou voltar, e vou voltar em alto nível e fazendo muitos gols, não interessa o time que eu esteja.
Por que ficar na segunda divisão chinesa?
- Esse é meu quinto ano de China, o terceiro na segunda divisão. Com certeza, tive propostas de times brasileiros, isso todo mundo sabe. Fico contente quando isso acontece, pois você está mostrando um bom trabalho e fazendo por onde chamar a atenção dessas pessoas. Estou sempre tentando olhar para os contratos longos que o futebol chinês me mostra. Por isso eles me contratam, porque sabem que sou um jogador muito sério, que gosta de cumprir os contratos e tem objetivos. Assim como subi com meu time anterior, o atual sabe do meu trabalho e quer subir também. E me mostra um projeto interessante, e eu sou ambicioso e quero subir esse time, deixar ele no mais alto e poder ser lembrado como um jogador que vem para cá ajudar, para ser lembrado pelos chineses também.
https://globoesporte.globo.com/futebol/copa-america/noticia/quase-em-casa-boliviano-marcelo-moreno-sonha-bater-recorde-no-mineirao-durante-a-copa-america.ghtml
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