Reprodução / Google Maps |
Quatro córregos seriam impactados pelos rejeitos, que posteriormente alcançariam o Rio Santa Bárbara, afluente do Rio Piracicaba, que por sua vez é afluente do Rio Doce. A água desses mananciais se tornaria imprópria para consumo humano. "Pode ocorrer ainda redução do oxigênio dissolvido, com consequente mortandade de peixes e outras espécies aquáticas. Os cursos d’água podem ter redução da vazão decorrente do assoreamento da calha principal e deposição do rejeito", acrescenta a Semad em comunicado sobre os possíveis impactos.
A bacia do Rio Doce foi afetada em novembro de 2015 na tragédia de Mariana (MG), quando foram liberados no ambiente 39 milhões de metros cúbicos de rejeito após a ruptura de uma barragem da mineradora Samarco, controlada pela Vale e pela BHP Billiton. A lama escoou até o litoral causando impactos em dezenas de municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo.
O risco de uma nova tragédia está relacionado à iminente ruptura do talude de uma cava da Mina de Gongo Soco. Talude é um plano de terreno inclinado que limita um aterro e tem como função garantir a estabilidade da área. A Vale admite a possibilidade de que as vibrações provocadas pelo rompimento do talude funcionem como um gatilho para a ruptura da barragem Sul Superior. A distância entre as duas estruturas é de 1,5 quilômetro.
O rompimento do talude é dado como certo tanto pela mineradora como pela Agência Nacional de Mineração (ANM). Estimativas da Vale divulgadas na semana passada indicavam que ele ocorreria até o último sábado (25), o que não se confirmou. Na véspera do fim desse prazo, a Defesa Civil de Minas Gerais afirmou que não havia como prever o momento exato da ruptura. “O talude pode ceder amanhã? Pode. Como também pode não se romper. Ele pode ceder depois de amanhã, daqui a uma semana”, disse, na ocasião, o coordenador adjunto da Defesa Civil de Minas Gerais, tenente-coronel Flávio Godinho.
As operações em todas as estruturas da Mina de Gongo Soco estão interditadas seguindo determinação da ANM. No caso da Barragem Sul Superior, a paralisação está em vigor desde 8 fevereiro, quando seu nível de segurança foi elevado para 2, obrigando a Vale a evacuar a zona de autossalvamento, isto é, aquela área que seria alagada em menos de 30 minutos ou que está situadas a uma distância de menos de 10 quilômetros da estrutura.
Mais de 400 moradores foram abrigados em quartos de pousadas e hotéis custeados pela mineradora. Em 22 de março, a Barragem Sul Superior se tornou a primeira a atingir o nível 3, que é considerado o alerta máximo e significa risco iminente de rompimento. Desde que a tragédia de Brumadinho, em 25 de janeiro deste ano, levou mais de 200 pessoas à morte, mais de 30 barragens da Vale em todo o estado de Minas Gerais foram interditadas e quatro delas já alcançaram o alerta máximo.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2019-05/possivel-tragedia-em-barao-de-cocais-afetaria-novamente-o-rio-doce
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