00:42 15/07/2016
José Dias Sorriso
Foto: Getty Imagens - O Independiente del Valle eliminou o Boca no La Bombonera e está na final |
O time equatoriano enfrentaria logo de cara os paraguaios do Guarani e os eliminariam na fase pré. O jogo de ida terminou com uma vitória magra do del Valle, em casa, pelo placar de 1 a 0. A partida de volta, no Paraguai, teve a vitória do Guarani por 2 a 1. O critério do gol fora de casa favoreceu o time visitante e uma das gratas surpresas dessa Copa Libertadores da América 2016.
Na primeira rodada da fase de grupos, um empate com o Colo-Colo (1 a 1), atuando em casa. Na segunda rodada, uma derrota pelo placar mínimo em Belo Horizonte. O time perdeu para o Atlético-MG: 1 a 0. O único gol naquela oportunidade foi anotado pelo atacante argentino Lucas Pratto.
Veio o duelo válido pela terceira rodada da primeira fase, contra o Melgar, em Arequipa, no Peru. O time equatoriano venceu por 1 a 0. O excelente camisa 10 Sornoza foi autor do gol, já no segundo tempo. Na quarta rodada, o time recebeu o Melgar – desta vez em Sangolquí. Uma vitória por 2 a 0. Sornoza e Angulo foram os autores dos gols.
O del Valle recebeu o Atlético-MG, em partida válida pela quinta e penúltima rodada da primeira fase de classificação. Um jogo muito disputado, que teve vitória do time equatoriano por 3 a 2. Na última partida da fase, um empate aguerrido, em Santiago, contra o Colo-Colo: 0 a 0. Uma campanha incontestável na fase de classificação. O Atlético-MG ficou na primeira colocação do grupo-5, com 13 pontos ganhos.
Já o del Valle, fechou em segundo com 11 pontos ganhos. Um passo inédito e muito comemorado. O del Valle já cravava de vez o seu nome na história do torneio continental. Uma Libertadores que ainda reservava muitas emoções e surpresas.
Getty Imagens - Lodeiro (E) perdeu um pênalti
para o Boca |
Quando todos achavam que a proeza do del Valle seria apenas passar de fase, o clube equatoriano provou que futebol não é bem assim, pois se quiser, o voo pode ser ainda mais alto. Nas oitavas, quem foi o adversário? Uma das mais tradicionais camisas do futebol sul-americano, o River Plate. O clube argentino tricampeão da Libertadores da América: 1986, 1996 e 2015.
Se fossem para fazerem as suas apostas, muitos iriam dizer que, era o fim da linha para o time comandado pelo técnico Pablo Repetto. Engano de quem pensava assim. No jogo de ida, realizado no Equador, teve uma vitória maiúscula do del Valle, pelo placar de 2 a 0. Angulo e Sornoza mandaram pra rede.
Impressionante a participação desses dois atletas na campanha do time. Os dois atletas que, inclusive estariam na mira de dois clubes brasileiros: Flamengo e Atlético-MG. Contra o River, em Buenos Aires, uma derrota pela contagem mínima: 1 a 0. Não foi o suficiente para interromper a série de boas atuações.
Oitavas de final passada à limpo, chegou as quartas de final. O del Valle eliminou o Pumas UNAM-MEX. Foi muito sofrido. Os jogadores foram guerreiros. Muita valentia em campo. Nos dois jogos o placar no tempo normal terminou com o placar de 2 a 1. Os equatorianos venceram em casa e os mexicanos deram o troco.
Aí meus amigos, vieram as penalidades máximas. Adrenalina a mil por hora. Dramaticidade a flor da pele. O del Valle levou a melhor, vencendo por 5 a 3. Mais um passo dado pelo até então, time desacreditado pelas massas. Uma história de superação e aprovação.
O Independiente del Valle trouxe a filosofia de que futebol é dentro do campo e não fora dele. As proezas do clube se estenderiam e chegariam ainda mais longe, conforme aconteceu.
Encarar o Boca Juniors? Isso mesmo: o Boca Juniors. Ainda mais em uma semifinal. Um clube copeiro. O Boca é hexacampeão da competição (1977, 1978, 2000, 2001, 2003 e 2007). No Equador: 2 a 1 del Valle. Na noite da última quinta-feira, o time voltou a aprontar, virando um verdadeiro carrasco dos clubes argentinos na competição. Após a vitória por 2 a 1, atuando no estádio Olímpico Atahualpa, em Quito, foi a vez do ‘’temido’’ La Bombonera sentir o poderio desse simpático clube.
Logo aos 4 minutos de jogo do primeiro tempo, Pavón abriu o placar em favor dos argentinos. Caicedo, Cabezas e Angulo viraram o marcador para o Independiente del Valle. Pavón ainda fez o seu segundo gol, descontando para o Boca. Uma vitória por 3 a 2 em favor de um del Valle guerreiro. Para coroar de vez a campanha, agora é o último desafio a ser vencido: o Atlético Nacional.
O time colombiano que venceu o São Paulo na fase semifinal, em um jogo cheio de polêmica. É apenas a quarta vez na história do torneio, que a decisão não terá nem brasileiros, nem argentinos e nem uruguaios.
Em 1989, o primeiro jogo terminou em 2 a 0 Olimpia. O Atlético Nacional devolveu o mesmo placar. Nos pênaltis, vitória colombiana por 5 a 4. O Olimpia decidiu contra o Barcelona de Guayaquil, em 1990. Os paraguaios levantaram a taça depois de vencer o jogo de ida por 2 a 0 e empatar por 1 a 1 na volta. Já em 1991, a história se repetiu. Empate em 0 a 0 na ida. Na volta deu Colo-Colo 3 a 0 sobre o Olimpia. Curiosamente, o Olimpia nas três decisões sem a presença de brasileiros, argentinos e uruguaios.
O Independiente del Valle é o terceiro clube equatoriano a se tornar finalista de Copa Libertadores da América. O Barcelona de Guayaquil disputou as finais de 1990 e 1998. A LDU foi à final em 2008, batendo o Fluminense. Quebrando recordes e calando a boca de muitos, o del Valle conseguiu o que nenhum outro clube já conseguiu, que é eliminar Boca e River na mesma Libertadores.
Aguardemos a grande final: Independiente del Valle-EQU e Atlético Nacional-COL. Uma final de valentes e merecedores. Por nunca ter ganho sequer o campeonato nacional, o Independiente usa o seguinte slogan: "Futuro campeão equatoriano". Esse futuro pode se tornar um presente. Eu finalizo com a palavra do goleiro Azcona: ''Ninguém imaginava que esse clube chegaria à final''.
FICHA DO JOGO
BOCA JUNIORS-ARG 2 X 3 INDEPENDIENTE DEL VALLE-EQU
Motivo: Copa Libertadores da América.
Fase: Semifinal - Jogo de volta.
Estádio: La Bombonera.
Cidade: Buenos Aires (Argentina).
Data: 14 de julho de 2016 - Quinta-feira.
Horário: 21:45.
Árbitro: Daniel Fedorczuk (Uruguai).
Assistentes: Mauricio Espinosa (Uruguai) e Miguel Nievas (Uruguai).
Cartões Amarelos: Zuqui, Díaz e Fabra (Boca Juniors); Caicedo e Arturo Mina (Independiente del Valle).
Gols: Pavón (2) (Boca); Caicedo, Cabezas e Angulo (Del Valle).
Obs: Lodeiro bateu uma penalidade e o goleiro Azcona defendeu.
Boca Juniors: Agustín Orión, Leonardo Jara, Daniel Díaz, Juan Insaurralde e Frank Fabra; Adrián Cubas (Benedetto), Pablo Pérez (Walter Bou), Fernando Zuqui e Nicolás Lodeiro; Cristian Pavón e Carlos Tevez.
Técnico: Guillermo Barros Schelotto.
Independiente del Valle: Daniel Azcona, Christian Núñez, Luis Caicedo (Fernando León), Arturo Mina e Luis Ayala (Tellechea); Orejuela, Rizotto (Jonathan González) e Sornoza; Cabezas, Angulo e Jose Angulo.
Técnico: Pablo Repetto.