10/12/2013

América x León fazem uma final inédita na Liga MX




América, de Raul Gimenez, enfrenta o León, de Gullit: final empolgante do Mexicano


Trivela / UOL


Um confronto de opostos. De conceitos e aplicações distintas. De modelos e práticas que divergem, mas caminham para um mesmo objetivo: o título. Assim pode ser definida a decisão do Apertura da Liga MX entre América e León, dois clubes que desde o início da disputa se colocavam entre os favoritos e durante cinco meses firmaram-se como tal, garantindo uma final inédita no campeonato mexicano.

O objetivo de ambos, bem como de todos os clubes de futebol, é o mesmo (ser campeão), mas há de se diferenciar o estágio no qual se encontram amarelos e verdes. Se a história da Liga MX é composta de eras de grandes campeões e esquadrões, das quais uma delas é ocupada pelas águias, o detentor do título busca firmar-se novamente como o dono da atual. Após uma década de 1990 esquecível e um início de século claudicante, os Azulcremas emendaram pela primeira vez na era dos “torneos cortos” duas decisões consecutivas, algo que não era visto pela fanática torcida Milloneta desde os vitoriosos anos 1980.

Enquanto na capital o objetivo é dominar o futebol azteca, em León as pretensões são mais modestas. Depois de pôr fim ao período de dez anos distantes da Primera División, os Panzas Verdes chegaram à Liguilla em 2012, logo em seu retorno à elite, e agora findaram o jejum de 16 anos sem alcançar uma decisão. O foco Esmeralda é quase exclusivamente mirado no fim da fila de 21 anos, uma busca que tem por objetivo maior retomar seu lugar entre os grandes, como visto na coluna da última semana.

As fórmulas utilizadas por ambos para chegarem à final também diferem no geral, mas segue um roteiro testado de sucesso: enquanto os Cremas apostam em um elenco caro, contratando a peso de ouro o que há de melhor no futebol azteca e aliando isso ao repatriamento de bons e experientes nomes sul-americanos em fim de carreira na Europa, a Fiera tem como receita a mistura de alguns nomes experientes trazidos de fora com jovens refugos sem espaço nos demais clubes da Liga MX e um grupo de jogadores acostumados ao trabalho pesado na competitiva Liga de Ascenso (o equivalente à segunda divisão do futebol local).

Ambos, entretanto, optam por um modelo que de tão batido e eficiente surpreende pela raridade com que é aplicado no futebol mexicano: continuidade e planejamento a longo prazo. A diretoria do León manteve o jovem treinador uruguaio Matosas, artífice da campanha do acesso, no comando do grupo, além de contratar pouco e de forma pontual, agregando experiência e valorizando os nomes que se destacaram na Liga de Ascenso. Já o América deve muito ao ex-atacante Ricardo Peláez, que assumiu a presidência do clube após os anos conturbados de Michel Bauer, soube tranquilizar e blindar o elenco das pressões de torcida, mídia e até mesmo dos desmandos de seus proprietários e apostou na manutenção do técnico Miguel Herrera, a despeito de fracos resultados e algumas decepções no início dos trabalhos.

Dois clubes de histórias distintas, modelos que variam e objetivos diversos, mas que souberam se impor para garantir uma decisão inédita, mas protagonizada por equipes indiscutivelmente merecedoras de uma eventual taça da Liga MX.
Grupo do México na Copa

Os exemplos mostraram que existiam caminhos mais fáceis (e o grupo de Honduras provou isso), mas também desafios que poderiam se colocar como intransponíveis (como ficou claro nos grupos de Estados Unidos e, principalmente, Costa Rica). Por isso, é válido dizer que o México tem pouco a reclamar do sorteio das chaves para a Copa do Mundo de 2014 realizado na última sexta-feira na Costa do Sauípe.

Localizado em um pote no qual, de cara, não se veria frente a frente com rivais da Ásia e da Concacaf, os aztecas viram sair um dos favoritos do pote dos cabeças de chave (Brasil), um médio do pote com africanos e sul-americanos (Camarões) e um fraco do pote europeu (Croácia).

Ainda que seja perigoso tirar suposições de início (falamos de uma Copa do Mundo), a potência do grupo é um rival que a Tricolor está acostumada a enfrentar (e vencer) nos últimos embates. Não que isso diminua o favoritismo do Brasil no grupo A, mas o retrospecto recente mostra que têm sido mais fácil ao México tirar pontos do Brasil do que qualquer um dos demais favoritos ao título. Enquanto isso, Camarões vive um momento conturbado internamente, com boa parte de seus principais jogadores contestando dirigentes e lideranças. Já os croatas, ainda que possuam um elenco com algum potencial e bons nomes no futebol europeu, oscilam bastante no cenário internacional, ficando de fora da Euro 2012. Certamente um dos adversários preferidos vindos do pote europeu.

A boa notícia é que a série de classificações aztecas as oitavas de final nas últimas cinco Copas do Mundo foi obtida, excetuando-se 2006, com enfrentamentos mais competitivos na primeira fase dos Mundiais. Assim, é razoável supor as boas chances do México em avançar novamente até a segunda fase. A má notícia, entretanto, fica por conta das possibilidades de adversários justamente a partir daí.

Se nessas cinco edições, as eliminações foram para seleções que surpreenderam (Bulgária), oscilaram (Alemanha) ou rivais locais (Estados Unidos) e continentais (Argentina), em 2014 são enormes as chances dos adversários das oitavas serem Espanha (campeã mundial) ou Holanda (vice). E nesse ponto o histórico tricolor é fraquíssimo em Mundiais. As alternativas seriam liderar a chave, torcer por um tropeço de um dos dois ou atuar de forma inspirada, mas nem isso garante muita coisa (lembre-se que a seleção mexicana não conseguiu obter uma das três vagas diretas na Concacaf!). O jeito é torcer, e muito, para a maré virar ou mirar em pelo menos igualar as campanhas mais recentes.
Curtas
Costa Rica

- Com um inconteste 3 a 0 o Herediano ratificou o favoritismo no Campeonato de Invierno e eliminou o Cartaginés, alcançando sua 40ª decisão da Primera División. Na final, o clube de Heredia enfrentará o vencedor do Clásico Nacional, disputado entre Alajuelense e Saprissa, os dois maiores campeões nacionais. O jogo de volta será disputado nesta terça, em Alajuela, mas a vantagem é dos visitantes, que venceram o primeiro confronto pelo placar mínimo;
Guatemala

- Em busca do tricampeonato nacional, o Comunicaciones não encontrou dificuldades para, com um homem a mais, golear o Deportivo Marquense por 4×0, superar o revés no duelo de ida e garantir vaga em sua sexta decisão nos sete últimos torneios disputados. A expectativa em torno de um clássico, contudo, não se confirmou: o Municipal não passou de um empate em casa no último domingo, resultado insuficiente para reverter os 3×0 impostos pelo Heredia na primeira partida, e pode ver na reedição da final do Clausura seu arquirrival diminuir para apenas duas taças a diferença de conquistas nacionais entre ambos;
El Salvador

- Depois de surpreender na partida de ida, o Isidro Metapán manteve a campanha de recuperação e, de forma heroica, garantiu sua vaga na final do Apertura. No duelo de volta, mesmo perdendo por dois gols de diferença na casa do adversário, os Cementeros marcaram duas vezes nos cinco minutos finais para arrancar o empate e eliminar os líderes da primeira fase;

- Na decisão da Liga Mayor, o Metapán pegará o rival FAS, maior campeão nacional, que em busca do seu 18º título contou com mais dois gols do artilheiro colombiano Jefferson Viveros para bater o Juventud Independiente e garantir uma reedição do Derbi Santaneco na final;
Honduras

- Com dois gols e uma assistência, a promessa Bryan Róchez, de apenas 18 anos, se converteu no protagonista da primeira partida da decisão do Apertura, garantindo o triunfo do Real España sobre o Real Sociedad por 3×1, resultado que deixa os Carboneros bem próximos de conquistar seu 11º título da Liga Nacional;
Jamaica

- Com uma vitória mínima sobre o Tivoli Gardens, o atual campeão Harbour View assumiu a liderança da National Premier League, com 23 pontos em 11 jogos, aproveitando o tropeço do Montego Bay, que ficou no empate por um gol frente ao August Town e soma 21. Já o T.G. perdeu uma posição com o revés e agora é o quinto, com 15 pontos, enquanto o Portmore United empatou em casa com o Waterhouse e segue na lanterna, com 7 pontos;
Trinidad & Tobago

- A TT Pro League voltou a ser jogada, mas pouca coisa mudou. O W Connection segue implacável e, com um triunfo mínimo sobre o Central, chegou aos 18 pontos em 6 partidas, abrindo oito de vantagem para North East Star e Police, que superaram San Juan Jabloteh e St. Ann’s Rangers, respectivamente. Atual campeão, o Defence Force é o quarto, com 9 pontos, após bater o Point Fortin Civic, que soma a mesma pontuação.